quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Verbetes 2008

Antes da reforma da língua entrar em vigência, vamos abusar dos hífens e dos acentos em hiatos. Trema, trema... Nesse ano eu descobri umas palavras novas e encontrei novo significado para palavras velhas. Escolhi oito... Allons!

A.li.ne s.f. Jovem que corta os próprios cabelos, bebe cafés melados, escreve pequenas maravilhas, fotografa luzes narcisistas, passou de grunge para indie e virou palavra indispensável para 2009

A.mi.za.de s.f. 1 sentimento de simpatia, de concordância, de carinho e de companheirismo; cumplicidade; vontade de estar juntos e simplesmente fazer nada; compartilhar comentários maldosos e rir batendo em mesas de café 2 afinidade de idéias e pensamentos que sobrevive, se posta à prova, a anos de desentendimentos, quilômetros de distância e imaturidades 3 sentimento de não se estar sozinho no mundo

A.mor \ô\ s.m. 1 atração afetiva ou física que sobrevive a ansiedade, angústia e distância 2 afeto, carinho, ternura, dedicação crescentes a cada ano juntos 3 demonstração de zelo, dedicação, fidelidade e confiança indeléveis 4 apego a algo, ou alguém, que dá prazer, paixão, fascínio

Dis.tân.cia s.f. 1 espaço entre duas coisas ou pessoas 2 afastamento, separação, lágrimas, contagem regressiva 3 intervalo de tempo, meses, contado minuciosamente e sempre sofrido 4 Filha da Puta

Ex.pec.ta.ti.va s.f. 1 espera fundada em probabilidade ou promessa 2 sentimento geral nos últimos dias do ano que se acaba e nos primeiros dias do ano que se inicia

Sau.da.de s.f. 1 sentimento nostálgico ligado à memória de alguém ou algo ausente 2 Heitor 3 Moisés 4 constante maldita que arde, mas acaba

Tri.cô s.m. 1 malha tecida à mão com duas agulhas ou em máquina apropriada 2 ato de tecer essa malha 3 peça de vestuário feita dessa malha 4 a melhor coisa que eu aprendi esse ano 5 ótima maneira de espantar a solidão, a saudade, os maus pensamentos e a preguiça e de produzir algo para si ou para alguém

Ver.da.de s.f. 1 o que está de acordo com o real; exatidão 2 p.ext. procedimento sincero, sem fingimento 3 sempre melhor que invenção, sempre melhor que mentira

Que em dois mil e nove, eu traga a vocês nove palavras novas - ou velhas - e que vocês me acompanhem em mais um ano.

Até ano que vem!


terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Superficialmente Retrospectiva

Dois mil e oito foi o ano dos cabelos. Compridos, médios, curtos, castanho claros, ruivos, castanho avermelhados, franja pro lado, franja reta, franjão. Antes eu não tinha coragem de mudar, achava que ia me perder nas cores e nos cheiros – perfumes novos chegaram, também, em dois mil e oito. Pensava que aparatos pra cabelos – secador, chapinha, babyliss, tintura, bóbes, mousse, hair spray e pomadas – iam diminuir a minha inteligência e o batom vermelho ia me banalizar.

Pois não.

Pois é.

Gosto de acordar e mudar, todo dia, porque o constante sou eu.

Fixo-fixo-fixo, sim, sempre. Mas em construção.

Feliz ano novo.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Dearest Moisés

Moisés querido,

Tenho uma bolha no dedo, escorreu molho ontem enquanto eu o servia no pão e queimou. O dedo que vai ser agraciado com a futura aliança de casamento, devo dizer. Mas sabes qual é a coisa? Lembrei-me de ti. Sorri e quis bem os teus próximos anos...

E sabe o que mais? Esse dedo queimado vai receber a bonita aliança das mãos do meu amado noivo virginiano... Mas o meu amado noivo vai me receber, no altar, das mãos do meu mais amado amigo, o canceriano da minha vida.

Aproveita os teus anos de estudo, queridíssimo. Mas não esquece de voltar no dia onze de novembro de dois mil e onze, ainda tens de me amparar até a vida de casada.

Não preciso de muitas outras palavras, tu sabes o quanto és pra mim. E quero ser pra ti uma das melhores amigas do mundo, mesmo que me parta o coração a distância.

Estaremos sempre juntos nas piadas politicamente incorretas e nas risadas que só fazem sentido pra nós.

Eu te amo, meu amigo.

Iarima “Honorova” Redü

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Le résultat de la chaleur dans la cité...

Bry-sur-marne
Dieu te garde
J'suis en france
Encore une fois

Si je tarde
Du temp je garde
C'est ma chance
A moi

Le jour se efface
Un ange passe
J'ai tant besoin
De te voir

Cette nuit sombre
Et peuplé d'ombre
La traversé
D'en te bras

Bry c'est la magie
D'un soir ici
Bry c'est la magie
Marrène d'ici.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Quinze de Dezembro

Hoje não pode acabar nunca, por favor.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Às Cegas

Em meados de novembro de dois mil e cinco, eu estive na Feira do Livro com o dinheiro contado. Podia comprar alguns livros mais baratos – queria comprar Mrs. Dalloway, daquela edição da capa bonita de flor, sabem? – e tomar um café, sim, faria isso.

Faria. Não fiz. Um certo estande entrou no meu caminho e um relato absurdamente aleatório fez com que eu desse todas as moedas por um livro só, o livro. Ensaio sobre a Cegueira chegou assim, com um certo arrependimento. Mudou tudo e me fez chorar. Definitivamente um dos melhores entre os que li – talvez o segundo, mas só porque História do Cerco de Lisboa tem um revisor rebelde.

Um filme? Em inglês? Filmado em São Paulo e Buenos Aires? Diretor brasileiro e Alice Braga como a rapariga de óculos escuros? Isso não vai dar certo...

Desânimo e Saramago às lágrimas, vai ver que é bom, e não é que o cartaz está na frente do cinema? Heitor ao meu lado e sinais divinos... Que diabos, eu vou ver.

Nós fomos hoje e o filme é perfeito. Não posso ver defeitos, a tradução das páginas em português para as telas em inglês foi impecável. A cegueira branca tomou conta da fotografia e nos ofuscou os olhos, o escuro da visão perfeita da Mulher do Médico deixou-nos cegos... Diálogos transpostos diretamente como Saramago os escreveu, do início ao fim, do primeiro cego ao cão das lágrimas, lágrimas me inundaram a garganta na Quarentena e no banho de chuva. Os banheiros fétidos e os policiais ignorantes, estupros e incêndio.

Perfeito.

Mudou tudo, eles todos agora têm rostos e vozes.

Como no fim, igual, a sensação de uma experiência transcendental. O caminho à casa do Heitor foi vivido de um jeito meio extracorpóreo, a névoa branca pairava como na sexta-feira em que fechei o livro aos prantos.

A única pergunta que fica é: Por que os diretores não conseguem adaptar filmes de livros assim, de um jeito limpo e claro, de forma que fiquem bons? Talvez, e só talvez, os outros livros simplesmente não sejam bons como esse é... E não se pode arrumar o que já vem às metades...

“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.” Fernando Meirelles reparou.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Nhi, a Torta de Bolachinhas

Uma das minhas (poucas) tias avós tem uma receita de Torta de Bolachinhas que sempre me tira da dieta. O bom é que ela só fazia em aniversários – época “diet-free” sempre, não dá pra comer alface com um monte de docinhos. Mas sabem, tem um problema agora: ela me ensinou a fazer. E o pior: é fácil de fazer. E o desespero: o Heitor e eu inventamos de colocar bombons no creme.

Essa receita de família, a qual será muito utilizada no apartamento novo – mas só em datas especiais, ou meu peso vai triplicar e isso não é divertido – foi feita e incrementada aqui na casa do Heitor ontem (e vai ser consumida hoje à noite pelas famílias). Como eu sou legal e amiga – e quero que todo mundo engorde comigo – postarei a receita aqui.

Torta de Bolachinhas Nhi*:

Ingredientes:

Dois pacotes de Pudim de Baunilha são vendidos junto com as gelatinas no mercado;

Um litro de Leite Integral;

Uma lata de Leite Condensado;

Uma lata de Creme de Leite;

Uma colher de sopa de Amido de Milho;

400 g de Bolachas Maria sabor Chocolate;

Três colheres de Achocolatado dissolvidas em um copo de leite.

Modo de Preparo:

Bem, primeiro tu colocas os pudinzinhos e o amido numa tigela meio funda e dissolves em um pouco de leite isso é importante pro creme não empelotar. Enquanto isso, pões em uma panela um litro de leite pra ferver (já descontando o pouco que foi usado pra dissolver os pudins :D). Depois que ferver o leite, coloca os pudinzinhos e mexe até misturar bem ficar amarelado o leite. Então, coloca o leite condensado, mexe mais um pouco e depois coloca o creme de leite. Depois de ferver cuidado pra não queimar!!!, tu deixas esfriar em banho-maria cuidado pra não deixar água entrar na panela!!!.

Quando já estiver frio o creme, mistura o leite e o achocolatado em um prato fundo e embebe as bolachinhas cuidado pra não virarem mingau e vai montando a torta: uma camada de creme, bolachinhas, camada de creme e mimimis. Põe na geladeira até endurecer e come até se fartar...

A nossa invenção foi assim: Cortamos vários bombons e colocamos numa camada de creme...

Espero que gostem – e experimentem.

Vou lá comer agora, tchau!!!

*Dei o nome de “Nhi” porque minha tia avó, a inventora da torta, se chama Nilza e essa torta foi incrementada por nós, Heitor e Iarima.